A vida nem sempre avisa quando vai descambar… e no segundo episódio de Vidas Paralelas, percebemos logo que ninguém está a brincar. O quotidiano em Maputo mostrado na série é tão próximo do que vivemos em Angola que chega a arrepiar: corrupção miúda, sobrevivência dura, famílias a tentar manter a cabeça fora de água, e homens sem piedade a comandar a rua.
Comecemos com a Enfermeira Luana. Profissional dedicada? Sim. Mas também uma mulher a lutar contra as contas, a pressão e um peso emocional que ninguém vê. No episódio, ela quase é apanhada a roubar material médico - um acto que muitos condenariam, mas que, para ela, parece ser a última boia de salvação. É aquele dilema clássico: “ou faço isso, ou o mundo afunda-me”.
Do outro lado, temos Selma, agora viúva e única força financeira da casa. Ela tem uma oficina, trabalha duro, mas percebe que trabalhar duro não significa necessariamente “viver melhor”. E quando a sobrevivência bate à porta, a tentação de ultrapassar limites começa a sussurrar cada vez mais alto. A série mostra isso com uma frieza realista: as mães fazem milagres, mas às vezes esses milagres têm preços que ninguém imagina.
E como se isso não bastasse, o episódio ainda nos apresenta um dos homens mais temidos da trama: Chefinho. Calculista, meticuloso e sem qualquer pingo de remorso. Ele manda, o bairro obedece. E ao lado dos seus fiéis, Paíto e Salimo, organiza novos carregamentos de droga enquanto usa os jovens como ponte para o lucro fácil. É uma ferida social que todos conhecemos de perto; e a série não foge dela.
Vidas Paralelas mostra que, quando a vida te aperta o pescoço, os limites começam a ficar borrados. O que ontem seria impensável, hoje vira “talvez”… e amanhã, “não tive escolha”. É assim que muitos se perdem; e é assim que outros encontram força para recomeçar.
Nem sempre quem faz o errado é mau - às vezes, é apenas alguém à procura de sobreviver. Mas cada decisão tem consequência, e a linha entre a necessidade e a perdição é mais fina do que parece.
Fica atento, porque estas histórias só agora começaram. Acompanha Vidas Paralelas, de Segunda a Sexta às 18H00 no Kwenda Magic, p.505 da DStv, e vê até onde cada um está disposto a ir para sobreviver.
